No dia 09 de março a Diretoria,
Conselho e associados do Núcleo de Quadrinhos do Piauí (NQ)
reuniram-se em Assembleia no auditório da Casa da Cultura. Para além
das pautas discutidas (que tratavam de recursos para a 14ª Feira HQ,
4ª Revista Feira HQ, adesão de novos sócios e alteração de
membros da diretoria e conselho), uma coisa ficou bem clara para mim:
é urgente que o NQ consiga representar os quadrinistas do Piauí. É
muito importante que os leitores e produtores de quadrinhos do Piauí
sintam que existe uma entidade que trabalha pelo desenvolvimento
dessa arte.
“O NQ não me representa”,
disse o Conselheiro Zorbba. “Um grupo 5 desenhistas encontram-se
numa livraria e planejam um curso de quadrinhos. Aquilo lá parece
mais o NQ do que isso aqui”, disse a tesoureira Lais Romero. Isso
me faz pensar... E a questão que ficou daquele dia é, afinal, até
onde realizar um evento como a Feira HQ é significativo para
quadrinistas e aficionados daqui? Eles se sentem parte de um projeto?
Eles gostam do nosso evento? Sentem-se satisfeito com ele? A
princípio, considerando os prós e os contras, acho que a resposta é
“não”.
Entretanto, nosso evento é bom,
salutar e positivo para nosso cenário. Deixa muita coisa a desejar,
mas é um evento eficiente e devemos continuar a fazê-lo.
Entretanto, as ações do NQ devem deixar de ser pensadas,
articuladas e executadas por apenas meia dúzia de pessoas e faz-se
necessário hoje replaneja-las, porque a Feira HQ, um evento que é
tão difícil de fazer, não agrega as pessoas, não cria um espírito
de coletividade nem projeta as pessoas envolvidas em um projeto
continuado e crescente. O que precisamos fazer?
O estatuto do NQ determina
nossas finalidades. Permitam-me relembrá-las:
1
- Divulgar as Histórias em Quadrinhos piauienses, por todos os meios
possíveis;
2
- Promover o desenvolvimento de uma produção consequente de
histórias em quadrinhos no Piauí, num processo integrado à
comunidade, através da realização de obras, com recursos próprios
e/ou obtidos por doações e arrecadações;
3
- Representar os associados junto a órgãos públicos no atendimento
de suas reivindicações pertinentes à área de abrangência da
associação;
4
- Proporcionar a integração de seus associados nas atividades
relacionadas aos quadrinhos, desenvolvidas em âmbito nacional e
internacional;
5
- Buscar e encaminhar soluções e alternativas para os problemas
relacionados aos quadrinhos, desenvolver uma política de incentivos
à produção local, atuando na defesa dos direitos dos associados no
campo do direito autoral;
6
- Promover e manter cursos, oficinas e demais atividades, a fim de
profissionalizar produtores de Histórias em Quadrinhos no Piauí;
7
- Apoiar e estimular o cooperativismo e outras formas de
associativismo na produção e divulgação dos Quadrinhos no Piauí.
É verdade que realizar uma
feira anual está muito aquém do estabelecido em nosso estatuto.
Então, refaço aquela pergunta: o que precisamos fazer? A resposta
que me vem parece simples,mas não é: organização. Precisamos nos
organizar enquanto membros da diretoria e conselho, precisamos
definir diretrizes, depois planos, seguidos de projetos e, por fim,
uma política para o quadrinho piauiense. E, durante todo esse
percurso, conquistar o máximo de amigos que gostam de quadrinhos,
principalmente aqueles que produzem quadrinhos, que acredito ser o
nosso foco.
O item 2 diz “promover
o desenvolvimento de uma produção consequente de histórias em
quadrinhos”. Ora, nós falamos de “uma política de incentivos à
produção local”, de “profissionalizar produtores de Histórias
em Quadrinhos”! É claro que o público leitor, o público crítico
que escreve sobre quadrinhos, que aprecia os quadrinhos, são também
alvo de nossa atenção e cuidado, mas a natureza da nossa associação
é voltada para os produtores de quadrinhos. E aí eu lembro, de
novo, das falas do Zorbba e da Lais e concluo que esses produtores
não fazem o NQ. Dos atuais nove membros da diretoria e conselho,
apenas eu e o Zorbba poderíamos nos considerar quadrinistas. Que
verdade é essa?
Uma
verdade doída: artista não gosta de burocracia, não faz a política
da cultura, ele apenas produz. Mario David, que é nosso presidente, é
leitor e pesquisador e ama quadrinhos, a ponto de tomá-lo como mote
de seus trabalhos. É preciso que pessoas como o Mário tomem a
frente de associações como o NQ, porque “artistas” são
desburocratizados (pra não dizer desorganizados) e pouco fazem para
a articulação de mudança de um cenário. É claro que artistas
podem ser presidentes: eu fui, durante 4 anos. O que quero dizer é: "quem quer que esteja no NQ tem que pensar em políticas para quem
desenha e escreve ou para quem quer aprender a desenhar e escrever, e todo esse povo quer
ver seus trabalhos sendo lido e divulgado".
Portanto,
analisando esses itens que
determinam nossas finalidades, gostaria de citar aqui algumas
diretrizes que para mim são fundamentais para pensarmos em planos e
projetos de execução:
1- Criar o cadastro de autores
piauienses de quadrinhos.
2- Publicar autores piauenses de
quadrinhos.
3- Criar uma escola ou manter um
curso permanente de quadrinhos.
4- Realizar encontros ou eventos
permanentes de quadrinhos.
Parece pouca coisa, mas se
focarmos nessas 4 diretrizes teremos muito trabalho a fazer.
Permitam-me discorrer sobre cada um desses quatro itens:
1) O cadastro vai servir para
nos conhecermos. Assim saberemos quem faz quadrinhos no Piauí, quem
desenha, quem escreve, quem tem projetos concluídos ou que precisam
ser construídos. Quando organizarmos quem produz e disponibilizarmos
um mecanismo para que essas pessoas se conhecerem, estaremos criando
um catálogo, tanto para quem desenha, como para quem escreve e então
poderemos articular esses dois grupos de pessoas. Esse catálogo
servirá também para qualquer pessoa que precise de um desenhista ou
ilustrador possa contatar diretamente essas pessoas. É o NQ
articulando a produção, fazendo esse meio de campo. Esse catálogo
pode ser feito através da criação de um site, ou de uma publicação
(impressa ou digital).
2) Depois de conhecermos quem
produz, teremos acesso ao que existe de material produzido, então
poderemos criar políticas de publicação desse material. Podemos
criar editais para selecionar propostas desses autores, conseguir
recursos através de patrocínios, venda de publicidade ou compra
antecipada desses projetos (no molde do Catarse, por exemplo) junto a
leitores e associados. É o NQ editando os produtores e criando
mercado no Piauí. Bem articulado e organizado, o NQ pode virar o
proponente gerador de todo um mercado de produção de quadrinhos.
3) Depois, o NQ precisa ensinar
os novos e promissores talentos a fazer quadrinhos. Existem muitos
bons profissionais no Estado, e depois que os articularmos e
publicarmos, eles poderão se tornar multiplicadores. Construir uma
escola é fundamental para renovar todo esse ciclo, entretanto é um
investimento caro e complicado, por isso precisaremos criar algum
tipo de convênio com o governo estadual, municipal ou com o poder
privado, para que possamos dispor de uma sala de aula equipada. Essa
escola, obviamente pagará os professores, mas o acesso às aulas
poderá ser gratuito, dependendo da forma de convênio que
conseguirmos construir.
4) A quarta diretriz diz
respeito à Feira HQ, mas não apenas a ela. Para realizar todas
essas atividades, o NQ precisa de recursos. Notadamente, a Feira HQ é
um evento gratuito e acredito que deveria continuar sendo: um evento
público. Entretanto, o NQ deve criar outros eventos, como uma
pequena Feira HQ, nos moldes desses eventos de exibição de animês
que acontecem quase todos os meses. A tesoureira Lais Romero propôs
trazer um convidado que possa fazer uma palestra gratuita e depois um
minicurso pago. Isso pode funcionar num evento pequeno como esses e
conseguiríamos gerar uma renda, além de agregar público que não
diretamente aquele que produz quadrinhos.
Vocês devem ter percebido que
essas 4 diretrizes possuem uma lógica cronológica e um grau de
prioridades. Acredito que a Feira HQ, hoje, seja a última desses 4
tópicos principais que o NQ deve seguir, depois, inclusive, de um
evento de pequeno porte. A Feira HQ é um evento muito importante, e
o NQ como o conhecemos hoje cresceu em torno dela, mas faz-se
necessário perceber que precisamos crescer para os outros lados.
Penso também, analisando as finalidades do NQ, que a Feira HQ não é
um evento que foca na profissionalização e publicação dos
quadrinistas, ela até estimula a produção, mas pensem comigo: as
pessoas que participam da Feira HQ são aspirantes a profissionais
que querem ter seu trabalho reconhecido. Os verdadeiros profissionais
do quadrinho piauiense não participam da Feira HQ, basta lembrar de
Caio Oliveira, Leno Carvalho e Will Walber Jr. A Feira HQ serve como
uma vitrine para conhecermos os bons, dali a gente tira mão-de-obra
para profissionalizar, para torná-lo o autor de um projeto que será
publicado, para se tornar um autor disponível em nossa catálogo que
possa ser contratado para um serviço, para se tornar um professor da
nossa escola ou curso, enfim, para profissionalizá-lo. A Feira HQ
até tem como objetivo publicar os trabalhos premiados, mas como
todos sabemos, estamos devendo isso pelas quatro últimas edições.
Nesses termos, nós já temos 13
anos de Feira HQ e conhecemos nossos bons quadrinistas, portanto
precisamos articulá-los, publicá-los e torná-los multiplicadores,
o que colocaria a Feira HQ numa situação confortável de segundo
plano, porque ela tem cumprido com sua meta de incentivar a produção
e de criar um espaço de lazer para os apreciadores da nona arte.
Se considerarmos essas
diretrizes colocadas aqui nessa ordem, trabalharemos para aqueles
cinco quadrinistas que planejam um curso de quadrinhos mas que não
se sentem incentivados, confortáveis ou convidados a participarem de
uma Assembleia Geral como a que aconteceu no último dia 09 deste
mês, e, talvez, eles percebam que o projeto de uma escola/cursos é
uma das finalidades do NQ e que a gente só precisa de pessoas como
eles que agreguem ideias e trabalho a nós (diretoria, conselho e
associados) para que possamos, juntos, realizá-lo.
Se considerarmos esses
diretrizes, talvez o Zorbba e tantos outros desenhistas,
ilustradores, roteiristas, leitores e pesquisadores que gostam de
quadrinhos, possam, enfim, se sentir representados pelo NQ. Se não
for assim, seremos sempre a mesma diretoria e conselho brigando pra
fazer a Feira HQ.
Dito tudo isso, perdoem-me por
ter sido longo demais, espero que possamos redirecionar nossas
atividades.
20 de março de 2014
Bernardo Aurélio
Conselheiro do NQ
5 comentários:
Gostei muito do texto e da iniciativa! Mas a primeira feira foi em 1998, então este será o 16º ano, ao invés do 13º, certo? Ou perdi alguma coisa?
Na verdade houve 2 feiras em em 1999, que foram as primeiras. Depois em 2000 e 2011 não foram realizadas a Feira. É meio q isso
Oi, tudo bem?
Estamos nos últimos dias de captação da graphic novel DIONÍSIO no Catarse (o projeto fica no ar até o dia 30 de junho) e já conseguimos arrecadar 50% do valor. Para conseguirmos o restante do valor estamos solicitando divulgação em blogs e sites de quadrinhos e cultura pop.
Segue texto para divulgação:
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DIONÍSIO é uma graphic novel que mistura mitologia grega com o gênero do horror e tem um visual realista e cinematográfico de encher os olhos!
Sinopse
O grupo Penteu de dança-teatro vem da Grécia se apresentar em um festival de artes cênicas e traz consigo algo mais que um grandioso espetáculo. Adriano Ferri, um detetive particular e sua amiga Marcela, uma dançarina, acabam envoltos em uma trama onde irão descobrir que alguns mitos podem ser reais.
Os autores Jerri Dias e Pedro Zimmermann são roteiristas, diretores e criadores da minissérie de ficção científica OXIGÊNIO exibida na RBS TV, entre outras curtas do gênero fantástico.
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A obra impressa terá 100 páginas coloridas em papel couchet.
Prazo para investimento: 30 de junho.
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E caso role alguma divulgação, entre em contato para qualquer dúvida ou para obter imagens.
Abraço e muito obrigado.
Jerri
P.S. – Caso o projeto seja divulgado em seu blog ou site, por favor, nos informe, que caso ele seja aprovado, gostaríamos de lhe dar um exemplar de Dionísio como agradecimento.
E se possível, retorne o contato pelo e-mail jerridias@hotmail.com
Vocês nao dao cursos em um lugar fixo?? Meu marido é professor de desenhos aqui em SP, eu sou dai, queria voltar a morar em Teresina mais ele esta relutante pois diz que ai não tem trabalho pra ele. Voces ja pensaram em abrir uma escola ai com parcerias??
E aê cara! Estou enviando
o link do meu blog pra vocês curtir e,
se puder, divulgar no site. Abraço Guabiras!
blogdoguabiras.blogspot.com.br
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